Os
desafios enfrentados pelas pessoas com surdez em relação á escolarização são
diversos e historicamente geraram debates e discussões de cunho político e epistemológico entre
gestualistas e oralistas. . Todas essas discussões não conseguiram resolver as
questões relacionadas às práticas escolares , continuando a normalizar e
naturalizar as diferenças no ambiente escolar.
Em
relação às diferentes abordagens educacionais , nem o oralismo e nem a
comunicação total favoreceram o desenvolvimento das pessoas com surdez devido a negação da língua natural desses
alunos e perdas consideráveis nos aspectos cognitivos, sócio-afetvos,
linguísticos, políticos, culturais e na aprendizagem. Surge então a abordagem
por meio do bilinguismo correspondendo melhor às necessidades do aluno com
surdez em respeito a língua natural e a construção de um ambiente favorável a
sua aprendizagem.
Partindo
da ideia de que a escola é um direito de todos, a Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva ( 2008 ) vem ao encontro do propósito de
mudanças no ambiente escolar e nas práticas sociais/ institucionais para
promover a participação e aprendizagem dos alunos com surdez na escola comum. Muitos
desafios precisam ser enfrentados e as propostas revistas, conduzindo a uma
tomada de posição que resulte em novas
práticas de ensino e aprendizagem consistentes e produtivas para a educação de
pessoas com surdez nas escolas públicas e particulares.
A
escola inclusiva é concebida como um
espaço privilegiado que possibilita a troca de experiências, conhecimentos, comunicação
e interação. Portanto, faz-se necessário, descontruir os modelos conservadores
da escola comum e reinventar uma nova educação inclusiva voltada para o
reconhecimento e valorização das diferenças, possibilitando a acessibilidade
dos alunos com surdez na escola comum. Pensar e construir uma prática
pedagógica que assuma a abordagem bilíngue e se volte para o desenvolvimento
das potencialidades das pessoas com surdez na escola é fazer com que esta
instituição esteja preparada para compreender cada pessoa em suas
potencialidades, singularidades e diferenças e em seus contextos de vida ( DAMÁZIO, 2010, p. 8 ).
Para
que o ambiente de aprendizagem seja um lugar favorável a todos os alunos, os
educadores devem potencializar a capacidade do pensamento, questionamento e
conflitos com novas ideias, além de utilizar materiais diversificados com
estímulos visuais. Segundo Poker ( 2001 apud Damázio, 2005, p.7 ), as trocas simbólicas provocam a capacidade representativa desses
alunos, favorecendo o desenvolvimento do pensamento e do conhecimento, em
ambientes heterogêneos de aprendizagem.
Mais do que uma língua, as pessoas com surdez precisam de ambientes
educacionais estimuladores que desafiem o pensamento e exercitem a capacidade
cognitiva desses alunos.
Damázio
( 2005, p. 6 ) ressalta ainda que,
(...)
concomitante a essas transformações da
prática pedagógica para atender o ensino inclusivo, é necessário que se garanta
igualmente o que lhe é complementar, ou seja, o atendimento educacional
especializado, que consiste no que é diferente do que se ensina nas salas de
aula comum para todos os alunos ouvintes e que é fundamental para a educação
escolar de alunos com surdez.
O
Atendimento Educacional Especializado em seus três momentos: AEE em Libras, AEE
para o ensino em Língua Portuguesa e AEE para o ensino de Libras, oferta aos
alunos com surdez vivências em ambientes inclusivos de aprendizagem. O AEE é
extremamente importante para a inclusão escolar, por preparar para a
individualidade e coletividade, promover o processo de comunicação e derrubar barreiras postas pela sociedade.
É
preciso mudar nossas concepções e desenvolver ações que busquem efetivar a inclusão em todas as dimensões,
principalmente na escola comum. Como nos afirmam Stainback e Stainback ( 1999
apud Damázio 2005, p. 14 ), a razão mais importante para se adotar ações
inclusivas no cotidiano sócio-educacional está no valor social do acolhimento
das diferenças, em busca das marcas da heterogeneidade, em favor da igualdade de
condições.
Referências:
DAMÁZIO,
Mirlene Ferreira Macedo. Educação
Escolar Inclusiva das Pessoas com Surdez na Escola Comum: Questões Polêmicas e
Avanços Contemporâneos. In: II
Seminário Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, 2005, Brasília. Anais...
Brasília: MEC, SEESP, 2005. p.108 – 121.
Coletânea
UFC-MEC/2010: A Educação Escolar na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo
05: Educação Escolar de Pessoas com Surdez – Atendimento Educacional
Especializado em Construção, p.46-57.
"Portanto, faz-se necessário, descontruir os modelos conservadores da escola comum e reinventar uma nova educação inclusiva voltada para o reconhecimento e valorização das diferenças, possibilitando a acessibilidade dos alunos com surdez na escola comum." ( DAMÁZIO, 2010, p. 8 )
ResponderExcluirOi Claudinha esta afirmação de Damásio que você fez uso no seu texto é extremamente importante para nossa reflexão, pois de fato as escolas brasileiras precisam ser repensadas, porque as práticas tradicionalistas que valorizam os melhores alunos e excluem aqueles que não se enquadram nos padrões da escola ainda é uma realidade.
Contudo nos resta uma grande esperança, de que as sementes da inclusão estão se expandindo pelo Brasil e num futuro próximo, quem sabe, estaremos com uma nova escola redesenhada, reiventada nos padrões verdadeiramente inclusivos.