SURDOCEGUEIRA
terapiaocupacionaleparalisiacerebral.blogst.com
“Denomina-se surdocego àquele que possui dificuldades visuais e
auditivas, independentemente da sua quantidade. “Uma pessoa que tenha
deficiências visuais e auditivas de um grau de tal importância, que esta dupla
perda sensorial cause problemas de aprendizagem, de conduta e afete suas
possibilidades de trabalho, é denominada surdocega”. OLSON, Stig,
Surdocegueira. Apresentação na “A surdez: um mundo de encontro”, Santa Fé de
Bogotá, 1995.
A surdocegueira é uma limitação que se caracteriza por: sérios
problemas relacionados com a comunicação com o meio; sérios problemas relacionados
com a orientação no meio; sérios problemas relacionados à obtenção de
informação. (McINES,
John Programming for congenital and
early adventitios deafblind adults).
Mc Innes ( 1999 ), refere-se à surdocegueira como uma deficiência única que requer uma abordagem
específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este
suporte. O referido autor subdivide as pessoas com surdocegueira em quatro
categorias:
- Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos;
- Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;
- Indivíduos que se tornaram surdocegos;
- Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
contosmamaepolvo.blogspot.com
Segundo
a Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989, Deficiência Múltipla define-se como a
associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias
(intelectual / visual / auditiva / física), com comprometimentos que acarretam consequências
no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa. “Comprometimentos
em uma dessas áreas podem ter um efeito singular no funcionamento, aprendizagem
e desenvolvimento da criança (Perreault, 2002).”
Conforme
Orelove e Sobsey (2000), as pessoas com
deficiência múltipla são indivíduos com comprometimentos acentuados no domínio
cognitivo, associados a comprometimentos no domínio motor ou no domínio sensorial ( visão ou audição) e
que requerem apoio permanente, podendo ainda necessitar de cuidados de saúde
específicos. Esses mesmos autores referem ainda que a deficiência múltipla é
uma condição que resulta de uma etiologia congênita ou adquirida e não se trata da somatória de deficiências.
É
importante esclarecermos que as pessoas com surdocegueira não são classificadas
como múltiplas, pois quando elas têm oportunidades interagem com o meio e com
as pessoas adequadamente ( Ikonomidis,
2010 ).
NECESSIDADES
BÁSICAS DAS PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA E COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
aeeprofessoraeva.blogspot.com.br
g1.globo.com
Nielsen ( 1979 ), ressalta que quanto maior for o numero de deficiências, maior o risco da pessoa não conseguir fazer uso de todas as habilidades que possui e, assim sendo, a associação de diferentes problemas resultará em necessidades educacionais únicas.
Nielsen ( 1979 ), ressalta que quanto maior for o numero de deficiências, maior o risco da pessoa não conseguir fazer uso de todas as habilidades que possui e, assim sendo, a associação de diferentes problemas resultará em necessidades educacionais únicas.
Para
Bosco ( 2010 ), o corpo é a realidade mais imediata do ser
humano. A partir e por meio dele, o homem descobre o mundo e a si mesmo.
Portanto, favorecer o desenvolvimento do esquema corporal da pessoa com
surdocegueira ou com deficiência múltipla é de extrema importância . A mesma ressalta que as pessoas com
surdocegueira e com deficiência múltipla, que não apresentam graves problemas
motores, precisam aprender a usar as duas mão. Isso para servir como tentativa
de minorar as eventuais estereotipias motoras e pela necessidade do uso de
ambas para o desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação.
A autora discorre ainda, sobre as dificuldades fonoarticulatórias, motoras ou mesmo
neurológicas, comum nessas pessoas ocasionando algum tipo de limitação na
comunicação e no processamento e elaboração das informações do seu entorno.
Isso pode resultar em prejuízos no processo de simbolização das experiências
vividas e acarretar carência de sentido para as mesmas ( BOSCO, 2010, P.11 e 12
).
Neste
sentido, PALACIOS (2002), destaca: “A existência da criança com fragilidade
biológica e deficiência múltipla apresenta desafios únicos e complexos para os
pais e profissionais. Da mesma maneira, há uma evidente necessidade de criar
serviços de intervenção precoce diferenciados, adequados às necessidades
desta população emergente”.
elaineaee.blogspot.com.br
A comunicação entre os seres humanos é um processo interpessoal
por meio do qual se estabelecem vínculos com os outros; esta relação é
estabelecida de diferentes maneiras e, segundo as possibilidades comunicativas
de cada um, pode acontecer com movimentos do corpo, utilizando objetos do
ambiente ou desenvolvendo um código linguístico. O uso de objetos reais é uma
possibilidade que consiste em interpretar uma atividade, ação ou situação por
meio de um objeto, que adquire um valor simbólico. Por meio do uso dos objetos,
a criança pode compreender e expressar as intenções comunicativas (SERPA,
2002).
Rowland e Schweigert (1989),
explicam que muitas pessoas com deficiência múltipla ou com surdocegueira podem
aprender a se comunicar por meio de gestos, mas podem ter dificuldade para
conseguir uma comunicação usando símbolos abstratos tais como: palavras faladas
ou língua de sinais, sendo necessário o uso de símbolos tangíveis. Símbolos Tangíveis são
objetos ou figuras que vão no lugar de, ou representam algo sobre o qual
queremos comunicar e podem
ser de três dimensões (objetos) ou de
duas dimensões (figuras).
Existem
várias propriedades que tornam os símbolos tangíveis:
- Eles são permanentes, isto é, eles existem num display permanente e não precisam ser buscados na memória.
- Eles podem ser manipulados por ambos, pelo usuário e pelo parceiro de comunicação.
- A relação entre símbolo e referência é óbvia para o usuário individual, desde que esteja baseada na própria experiência do usuário.
- Símbolos tridimensionais são usados para pessoas sem visão, já que são discrimináveis taticamente.
Tipos
diferentes de símbolos refletem relações diferentes entre símbolos e
referências ou diferentes “níveis de representação”. Símbolos tridimensionais
podem ser objetos idênticos, partes de objetos, ou objetos associados. Símbolos
bidimensionais podem ser fotografias ou desenhos, coloridos ou em branco e
preto, gerais ou específicos. Símbolos tangíveis devem ser construídos para
cada usuário, capitalizando as características das referências que são mais
significativas para aquele indivíduo. Se o símbolo não tem uma conexão com a
referência que seja clara para o usuário, então o símbolo não é tangível para
ele. (Rowland
e Schweigert, 1989, 1990).
Serpa ( 2002), menciona que as estratégias para criar, facilitar e
incrementar a comunicação não simbólica se deve levar em conta:
- Interesses Individuais: o interesse das crianças deve estar baseado na interação física por meio do estabelecimento de rotinas de jogo, na qual seja possível a imitação de comportamentos com ou sem intenção.
- Compensar a perda dos sentidos à distância: estratégias com posições que impliquem o contato corporal com os pares comunicativos, assim como, a manipulação do ambiente com pequenos movimentos, o que implica ajudar a criança no reconhecimento de pessoas familiares por meio da exploração tátil e visual.
- Responder às tentativas de comunicação: as crianças realizam tentativas de comunicação por meio de formas muito simples, em alguns casos imperceptíveis, como uma mudança na tensão muscular, um movimento dos olhos ou de uma mão; estas tentativas devem ser respondidas.
- Consistência: as rotinas consistentes e estruturadas ajudam a criança surdocego e multideficiente a antecipar os próximos eventos. As interações devem ser consistentes, tanto nas rotinas como nas formas de comunicação.
- Proporcionando contingências: a contingência no conhecimento ou consciência de que uma ação é importante para dar ênfase às relações entre os comportamentos e seus efeitos.
- Criando a necessidade de se comunicar: devem ser criadas situações onde a criança tenha que interagir para poder participar e obter a atividade desejada.
- Introduzindo um tempo de espera nas respostas: uma vez que a necessidade de se comunicar tenha sido estabelecida, a criança requer um tempo para dar a sua resposta. Devem ser criadas situações que envolvam duas ou mais pessoas que implique uma participação recíproca ou onde seja necessário cumprir turnos e mantê-los.
- Incrementar as expectativas comunicacionais: incrementar a comunicação não simbólica a partir de uma variedade de situações diárias aumenta a complexidade e diversidade da interação comunicacional.
Uma estratégia pode se usar frequentemente gestos naturais nas
interações com crianças que não usem sinais, dando maior ênfase às respostas por
meio de diferentes ações, gestos, sinais e vocalizações para criar uma maior
comunicação intencional.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
BOSCO, Ismênia C.
M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na
Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05:
Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010).
IKONOMIDIS,
Vula Maria. Apostila sobre “Deficiência Múltipla Sensorial”,2010
sem publicar.
ROWLAND Charity e SCHWEIGERT Philip - Soluções
Tangíveis para Indivíduos Com Deficiência Múltipla e ou com Surdocegueira. Apostila
In mimeo. Tradução Acess. Revisão:
Shirley R. Maia - 2013.
SERPA,
Ximena Fonegra. Comunicação para Pessoas
com Surdocegueira. Tradução do Livro Comunicacion
para Persona Sordociegas, INSOR- Colômbia 2002.